Alguns visitantes estrangeiros
que vierem ao Brasil para assistir aos jogos da Copa do Mundo poderão ficar sem
o serviço de internet móvel com tecnologia 4G. Isso porque a frequência na qual
o 4G está disponível no Brasil não é a mesma usada em muitos países, como os
Estados Unidos e o Japão. Nesse caso, os estrangeiros terão que se contentar
com a internet 3G.
O 4G
está disponível no Brasil desde abril do ano passado, mas apenas na frequência
de 2,5 giga-hertz, que foi licitada em junho de 2012. Essa é a mesma frequência
usada em países como a Alemanha, Colômbia, o Chile, a Costa Rica e o Canadá. A
faixa de 700 mega-hertz, usada em vários países da América do Sul e da Ásia,
deverá ser licitada pelo governo ainda este ano, mas antes é preciso migrar os
canais de televisão que atualmente usam esse espectro.
O
diretor executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço
Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Eduardo Levy, diz que, nesses casos,
o turista estrangeiro irá usar a rede 3G do Brasil, desde que faça um contrato
de roaming (capacidade
do usuário de uma rede para obter conectividade em áreas fora da localidade
geográfica onde está registrado) com a operadora do seu país. “Os visitantes
dos Estados Unidos que vêm ao Brasil não podem usar o 4G porque não há
compatibilidade de serviços dos dois países. Quem vier, vai usar como se não
existisse o 4G no Brasil, vai usar o 3G. Assim como os brasileiros que vão aos
Estados Unidos não vão ter acesso à quarta geração lá”, acrescenta.
Para o especialista Eduardo
Tude, presidente da consultoria Teleco, a demanda pelo 4G na Copa não será tão
grande, já que ainda há poucos usuários no Brasil e o número de turistas de
países onde a tecnologia já está desenvolvida, como os Estados Unidos, a Coreia
e o Japão, será pequeno. “Não acreditamos que venha muita gente dos Estados
Unidos para a Copa, mas os americanos que já usam o 4G lá vão chegar aqui e a
frequência será diferente, então eles vão ter que usar o 3G. Essas pessoas vão
sentir uma diferença, mas acredito que seja um número pequeno de visitantes”,
diz.
Levy
explica que as operadoras de telefonia do Brasil já estão acostumadas a montar
estruturas para eventos com grandes concentrações de pessoas, como a Fórmula 1,
em São Paulo, e oreveillon,
em Copacabana. Para não haver congestionamento de tráfego, principalmente nos
estádios, as empresas vão montar estruturas indoor, com antenas dentro
dos estádios, além de equipamentos móveis no entorno das arenas e rede wi-fi com acesso liberado.
“A
cobertura do Brasil vai dar ao turista a qualidade que o brasileiro percebe,
porque o número de turistas que devem vir é muito pequena proporcionalmente aos
270 milhões de celulares que temos. Não é isso que vai fazer uma diferença no
tráfego brasileiro”, diz Levy.
Segundo
Eduardo Tude, o funcionamento do 3G durante a Copa será parecido com a que os
brasileiros encontram atualmente. “Haverá zonas de sombra, onde não se consegue
pegar o sinal do 3G, aí vai para 2G e a velocidade fica mais lenta. Mas, de um
modo geral, a rede estará operando”, explica o especialista. Para ele, a rede
4G disponível está com bom desempenho, porque ainda tem poucos clientes, apesar
de a cobertura ainda não ser tão boa.
No
Brasil, existe atualmente cerca de 1,6 milhão de acessos em 4G, que já estão
disponíveis em 98 cidades, entre elas todas as sedes da Copa. Até abril,
deverão chegar a todas as capitais e municípios com mais de 500 mil
habitantes, conforme previsto no calendário de implantação determinado pela
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Desses, 41 já têm cobertura de
4G. Apenas quatro não têm cobertura: Duque de Caxias (RJ), Feira de Santana
(BA), Londrina (PR) e Porto Velho (RO).
O
representante das operadoras de telefonia garante que o país não vai passar
vergonha durante o Mundial, especialmente em relação à disponibilidade do 4G.
“Não é vergonha nenhuma, porque hoje poucos países do mundo têm o 4G. Na sua
opinião, ninguém que vai viajar hoje em dia sente vergonha de um lugar ou outro
não estar com o 4G ativado”.
Agência Brasil
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