Objetivo
é agradar à base aliada para tentar apoio mínimo de 308 deputados na votação da
Previdência; Funrural será tema de medida
Arthur Maia, relator da reforma da Previdência |
O
governo do presidente Michel Temer prepara medida provisória (MP) em diferentes
matérias para agradar à base aliada e tentar ganhar fôlego na busca pelos 308
votos necessários para aprovar a reforma da Previdência.
Uma
das iniciativas trará uma solução para a polêmica em torno da dívida do Fundo
de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), pago por produtores rurais e
que equivale à contribuição previdenciária. Também estão sendo elaboradas
permissões para o parcelamento de débitos previdenciários das prefeituras e
para a redistribuição de recursos do Fundeb, fundo para o financiamento da
educação básica.
Em
paralelo, o governo e o relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado
Arthur Maia (PPS-BA), estão tendo de negociar mais flexibilizações no texto.
Pilotos de avião e comissários de bordo querem que o governo permita a
aposentadoria integral para a categoria antes dos 40 anos de contribuição que
serão exigidos dos demais trabalhadores. A reivindicação é de benefício
integral aos 65 anos de idade e 35 de contribuição para homens e aos 60 anos de
idade e 30 de contribuição para mulheres. O lobby ganhou importância diante da
ameaça de greve e os prejuízos que o fechamento de aeroportos poderiam
acarretar ao governo.
Embora
sejam questões alheias às discussões sobre a Previdência, as medidas
provisórias em preparo pelo governo envolvem ruralistas, prefeitos e
governadores, que têm influência sobre as bancadas parlamentares. Ainda não há
definição se os temas serão encaminhados em uma única medida provisória ou
separadamente.
Avaliação.
Ontem, durante a ExpoZebu, em Uberaba (MG), o presidente da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, afirmou que o governo vai
enviar a minuta da MP para a avaliação da entidade de produtores.
“O
(Jorge) Rachid (secretário da Receita Federal) me ligou dizendo que a
determinação do presidente é buscar a solução até terça-feira, no máximo”,
disse Martins. “Está sendo construído um texto, vamos ser consultados mais
tarde, vamos avaliar e dar o OK, ou não. Vai ser medida provisória (que
definirá) como negociar, como vai ser daqui para frente e o que vai acontecer
do passado”, afirmou o presidente da CNA.
Parlamentares
querem acabar com a forma de cobrança do Funrural, que voltou à tona após o
Supremo Tribunal Federal (STF) declarar constitucional a cobrança do fundo do
empregador rural pessoa física.
A
contribuição social sobre a receita bruta da comercialização estava sendo
questionada na Corte, o que fez com que muitos contribuintes deixassem de
recolher o imposto. A decisão gerou um passivo estimado em R$ 10 bilhões, e os
parlamentares querem o perdão dessa dívida.
Para
o ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e atual líder do
PSD na Câmara, deputado Marcos Montes (MG), a equipe econômica resiste a
aceitar o perdão das dívidas dos empregadores rurais porque isso infringiria a
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
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