Nove
trabalhadores rurais foram mortos em Colniza no dia 19. Secretário de Segurança
disse que mortes foram causadas por conflitos entre invasores.
Parte das nove vítimas da chacina que
vitimou nove trabalhadores rurais numa gleba em Taquaruçu do Norte, distrito de
Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, no dia 19 de abril, já tinha denunciado ameaças.
“Dois ou três deles disseram que foram ameaçados. Há procedimentos abertos em
2010, 2012, 2014”, disse o delegado responsável pelo inquérito, Edson Pick, que
preferiu não dar mais detalhes sobre essas ocorrências.
Antes de serem mortos, os nove
trabalhadores foram torturados. Dois deles foram assassinados com golpes de
facão e sete com tiros de espingarda calibre 12. Os crimes teriam sido
cometidos por homens encapuzados que invadiram os barracos erguidos na área
rural. A área é de difícil acesso e fica a aproximadamente 200 km de Colniza.
Ninguém foi preso até o momento pelos homicídios.
Inicialmente, a Polícia Civil disse
que uma das principais hipóteses era de que a chacina tivesse sido cometida por
capangas contratados por fazendeiros da região, conhecida pela extração de
madeira, tendo como motivação uma disputa por terras. Mas, nessa quarta-feira
(26), o secretário de Segurança Pública, Roger Jarbas, disse que as mortes foram
causadas por conflitos entre invasores.
“Ali
[Taquaruçu do Norte] não existe um conflito entre um possuidor da terra e
alguém que esteja lá agora. É um conflito entre invasores, ou seja, pessoas que
entraram na área, mas não possuem o título dela”, declarou.
A chacina ocorreu no final da tarde do dia 19, mas só foi comunicada à polícia no dia seguinte, quando moradores que testemunharam os assassinatos conseguiram chegar ao distrito de Guariba. A gleba onde ocorreram os homicídios é isolada e não tem sinal de telefone e nem de internet.
Depois das nove mortes, foi montada
uma força-tarefa para a investigação do caso. Equipes de policais civis,
peritos criminais e policiais militares de equipes especializadas, como o Bope,
foram enviadas à região. Três delegados estão na apuração.
As vítimas da chacina foram Francisco
Chaves da Silva, 56, Izaul Brito dos Santos, 50, Ezequias Santos de Oliveira,
26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido
Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, Fábio
Rodrigues dos Santos, 37, e o pastor da Assembleia de Deus, Sebastião Ferreira
de Souza, 57.
Histórico de mortes
Há 11 anos, outra chacina na região
de Taquaruçu do Norte vitimou cinco pessoas numa briga por terras. Outras dez
foram torturadas. Os crimes foram investigados na operação Ouro Verde, da
Polícia Civil, que em 2007 prendeu 39 pessoas, entre elas fazendeiros que
atuariam na extração ilegal de madeira.
Parte da região do distrito de
Taquaruçu do Norte é alvo de disputa judicial há mais de uma década entre uma
cooperativa e o dono de uma fazenda. Em 2004, uma decisão da comarca judicial
de Colniza deu reintegração de posse de uma área de 42.715 hectares à
Cooperosevelt. Os cooperados alegaram à Justiça que tinham a posse daquela área
desde 2002 e que mantinham atividades agrícolas nela.
Na ação, a cooperativa alega ainda
que os trabalhadores rurais tinham ido expulsos da área por homens fortemente
armados, tiveram as plantações destruídas e foram ameaçados. Em 2011, uma
determinação da Vara Especializada de Direito Agrário do estado confirmou a
reintegração de posse do Assentamento Roosevelt – Gleba Taquaruçu à
Cooperosevelt.
O dono da fazenda que disputava a
área com os cooperados foi um dos presos na operação Ouro Verde, suspeito de
ter mandado expulsar de forma violenta os trabalhadores da área.
O Pantanal
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