Os
familiares do cabo da Polícia Militar Júlio César da Luz Pereira e do soldado
Carlos Alberto Constantino Sousa, que estão desaparecidos desde o dia 17 de
novembro do ano passado da cidade de Buriticupu, Maranhão, estão desde ontem em São Luís
para cobrar do governo Flávio Dino e dos representantes da Assembleia
Legislativa a elucidação do caso. Eles pretendem, ainda durante este mês,
procurar auxílio da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a polícia,
esse caso está sendo investigando pela Superintendência Estadual de Homicídios
e Proteção a Pessoas (SHPP) e corre em segredo de Justiça. Após cinco meses,
ainda não foi solucionado.
Os
familiares estiveram no período da manhã de ontem na sede da Assembleia
Legislativa, no Cohafuma, a maioria vestidos com camisas com as fotos dos
militares desaparecidos e com uma mensagem de apelo como forma de sensibilizar
os governantes para esclarecer esse desaparecimento. “Estou sentindo uma dor
que não passa e vivo em aflição pela falta de informações verídicas sobre o
paradeiro do meu filho”, desabafou Josefa Freire, de 69 anos, mãe do cabo
César.
A
idosa veio da cidade de Imperatriz, acompanhada das noras e de seus dois
filhos. Ela disse que já faz mais de cinco meses do desaparecimento do cabo
César e a polícia até o momento não solucionou o caso e não concede nenhuma
informação aos familiares sobre o trabalho de investigação.
Envolvidos
O irmão do cabo Júlio César, Raimundo Pereira, declarou que a família acredita que há militares e até mesmo políticos envolvidos nesse caso. A ex-esposa do militar, Ana Reis, disse que a polícia afirmou que a investigação está em segredo de Justiça. Segundo ela, os familiares vieram à capital em busca de solução, mas, caso não encontrem apoio, vão procurar os representantes da ONU.
A
mãe do soldado Alberto, Joana Constantino, de 70 anos, que mora em Santa Rita,
disse que veio a São Luís com os seus dois filhos e um neto, de 15 anos para
pedir explicações sobre o paradeiro do seu filho, pois, caso esteja morto,
deseja pelo menos sepultar o corpo do filho. “O soldado Alberto é o meu filho.
Eu que o criei e fui responsável pela sua educação”, desabafou Joana
Constantino.
Os
familiares dos militares foram recebidos pelo deputado Campos (DEM) e
assessores do deputado Sousa Neto (Pros), que se comprometeram a cobrar mais
empenho da Secretaria de Segurança Pública (SSP) na solução desse caso. Os
parentes dos militares estão com uma reunião marcada para hoje, com os
representantes da Comissão de Direitos de Humanos da Ordem dos Advogados do
Brasil, Seccional do Maranhão (OAB/MA) e pretendem também uma audiência com o
governador do estado, na sede do Palácio dos Leões.
Requerimento
No dia 14 de dezembro do ano passado, o deputado Sousa Neto (Pros) cobrou uma reposta sobre o desaparecimento dos militares ao governo comunista durante plenária na Assembleia Legislativa. Ele encaminhou ainda um requerimento ao secretário de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela.
O
parlamentar afirmou que Jefferson Portela e o comandante geral da Polícia
Militar, coronel Frederico Pereira, não haviam prestado informações condizentes
sobre a investigação desse fato. Ainda ontem, a resposta dada pelo secretário
de Segurança e pelo coronel Frederico Pereira ao expediente formulado pelo deputado
era desconhecida.
Entenda o caso
O soldado Alberto, lotado na cidade de Buriticupu, se apresentou no local de trabalho no dia 17 de novembro (data do desaparecimento), às 8h. O militar, segundo a polícia, pediu para sair mais cedo, sob a condição de se reapresentar para o trabalho no dia seguinte, o que não ocorreu.
Testemunhas
contaram à polícia que, na noite do desaparecimento, o soldado Carlos Alberto
Sousa foi visto em um veículo em companhia do cabo César, que era lotado na
cidade de Estreito, circulando na zona rural do município de Buriticupu. A
polícia ainda ontem não tinha pista dos desaparecidos.
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Testemunha do sumiço de PMs em Buriticupu desapareceu
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Gilberto Leda de O Estado
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