As ameaças de privatização e demissões, o fechamento de
agências e o "desmonte fiscal" da empresa são os principais motivos
para a mobilização
OS TRABALHADORES DOS CORREIOS ENTRAM EM GREVE (FOTO: FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL) |
Os trabalhadores dos Correios entrarão em greve por tempo
indeterminado hoje (26) a partir das 22h. As ameaças de privatização e
demissões, o fechamento de agências e o "desmonte fiscal" da empresa,
com diminuição do lucro devido a repasses ao governo e patrocínios, são os
principais motivos para a mobilização, segundo a Federação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).
A estatal teve prejuízos de R$ 2,1
bilhões em 2015 e R$ 2 bilhões no ano passado. Em dezembro do ano passado, foi
anunciado um plano de demissão voluntária e o fechamento de agências para
reduzir os gastos.
“O que tem acontecido é um plano de
desmonte próprio da empresa, atacando a própria qualidade e universalização do
serviço. Faz parte de um projeto privado com interesse de entrar no mercado”,
disse a secretária de Imprensa da Fentect, Suzy Cristiny.
Segundo a entidade, a
"privatização" coloca em risco o direito da população aos serviços
dos Correios, já que a empresa tem fechado agências em cidades menos
lucrativas. “Mais de 200 agências estão sendo fechadas por todo o Brasil. Com isso,
muitos moradores do interior e das periferias vão ficar sem o atendimento
bancário e postal dos Correios do Brasil”, informou a federação.
O ministro da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, tem dito que é contra privatizar os
os Correios, mas que a empresa terá que fazer “cortes radicais” de gastos para
evitar a privatização, já que o governo não socorrerá a empresa
financeiramente.
Críticas dos grevistas
Além do fortalecimento de franqueados
e o fechamento de agências próprias, o que, na opinião da federação, “esvazia
os negócios da empresa para a iniciativa privada”, a Fentect critica os
repasses da empresa ao governo federal acima do valor estabelecido. “Nos
últimos anos, os Correios repassaram para o governo federal R$ 6 bilhões e,
desse montante, R$ 3,9 bilhões foram acima do valor estabelecido legalmente,
prejudicando as reservas financeiras e investimentos necessários para a
modernização da empresa”, informou.
A entidade cita ainda o distrato de
R$ 2,3 bilhões do Banco Postal com o Banco do Brasil e a destinação de R$ 300
milhões em patrocínios nas Olimpíadas e pede uma auditoria na contabilidade da
empresa.
Os sindicatos de todo o país se
reúnem hoje (26) para referendar a manifestação sobre a greve. As entidades e a
empresa já promoveram mesas de negociação, mas, segundo a secretária, não houve
avanços. Ela disse ainda que os trabalhadores dos Correios se unirão às
manifestações marcadas para a próxima sexta-feira (28) contra as reformas
trabalhista e da Previdência.
Além da mobilização pelo
fortalecimento institucional dos Correios e universalização dos serviços, os
trabalhadores reivindicam melhorias nas condições de trabalho, a contratação de
novos funcionários, mais segurança nas agências, o retorno da entrega diária e
o fim da suspensão de férias.
Outro lado
Em nota, a empresa informou que, caso
o movimento grevista seja deflagrado, os Correios adotarão as medidas
necessárias para garantir a continuidade de todos os serviços. “Uma paralisação
dos empregados neste momento delicado pelo qual passa a empresa é um ato de
irresponsabilidade, uma vez que a direção está e sempre esteve aberta ao
diálogo com as representações dos trabalhadores”, informou. Os Correios não se
manifestaram sobre as reivindicações dos trabalhadores.
Época
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