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terça-feira, 11 de abril de 2017

Jovem desaparecido no Acre teria desejo de viver isolado em caverna, relata amigo

Amigo de Bruno Borges conta que o jovem fez jejum durante 12 dias enquanto trabalhava nos escritos que deixou. Estudante de psicologia está desaparecido desde o dia 27 de março.

Bruno está desaparecido desde a tarde de segunda (27), em Rio Branco. Jovem teria desejo de viver isolado em caverna, segundo amigo (Foto: Arquivo da Família)
Bruno está desaparecido desde a tarde de segunda (27), em Rio Branco. Jovem teria desejo de viver isolado em caverna, segundo amigo (Foto: Arquivo da Família)
estudante de psicologia Bruno Borges, de 24 anos, desaparecido desde 27 de março no Acre, teria relatado ao amigo Márcio Gaiote o desejo de ficar isolado e viver em uma caverna. O amigo afirma que Borges disse ter uma missão - que precisava passar adiante o conhecimento que adquiriu, mantendo os ensinamentos na Terra.

"Ele era muito simples, humilde e isso me chamou atenção. Até brincava com ele, perguntava como ele iria viver em uma caverna se não sabia nem fritar um ovo. Falei que ele teria que caçar, fazer fogo, esse tipo de coisa e que era melhor ele comprar um apartamento e ficar lendo os livros dele. Mas ele falou que tinha vontade de ser assim, que queria que a vida dele fosse assim no futuro, se não pudesse ser agora, mas um dia seria assim", conta.

 No quarto, Bruno deixou escritos feitos de forma impecável, com precisão e simetria (Foto: Reprodução / Rede Amazônica Acre )
No quarto, Bruno deixou escritos feitos de forma impecável, com precisão e simetria (Foto: Reprodução / Rede Amazônica Acre )
Gaiote foi um dos amigos que ajudaram o acreano durante o projeto misterioso de Bruno. Antes de desaparecer, o estudante deixou 14 livros escritos à mão e criptografados, além de ter reproduzido os escritos em seu quarto. Segundo o amigo, durante esse período Borges comia apenas frutas, mas chegou a fazer até 12 dias de jejum enquanto trabalhava nos escritos, afirmando que dessa maneira conseguia trabalhar melhor.

O amigo afirma que o estudante relatava que quando estava em jejum e fazia meditação conseguia acessar o mundo das ideias e gostava de pegar coisas desse mundo e trazer para a realidade.

"Ele só bebia água, dizia que era melhor para ele trabalhar assim. Eu ficava até preocupado com ele, sempre chamava a atenção e dizia para ele comer. O Bruno emagreceu muito nos últimos dias para concluir o projeto. Mas, ele não me deu nenhuma outra informação para que eu possa dizer o que era o projeto", afirma.

Gaiote, amigo de Bruno Borges, diz que jovem fez jejum durante dias em que trabalhava em quarto e bebia apenas água (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Gaiote, amigo de Bruno Borges, diz que jovem fez jejum durante dias em que trabalhava em quarto e bebia apenas água (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Apesar de ter ajudado a carregar e colocar a estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600) no quarto de Borges, Gaiote afirma que não sabe maiores informações sobre o projeto do estudante de psicologia. Bruno teria confidenciado a ele que queria publicar alguns livros, mas antes precisava montar uma teoria e ler para formular melhor a sua ideia.

"Ele disse que era uma coisa bem secreta, não me deu muitas informações. Perguntei porque ele queria colocar uma estátua no quarto e ele disse apenas que fazia parte do projeto. Quando ajudei, ele tinha começado a escrever alguma coisa no chão do armário, mas a parede ainda estava intacta", lembra.

O estudante teria dito a Gaiote que "pessoas ignorantes" poderiam acabar com o projeto dele e achariam que ele estava louco. Para Gaiote, Borges talvez tenha feito algo similar ao Mito da Caverna, de Platão.

"Ele teve um conhecimento que precisou passar para as pessoas, acreditando ele, e já sabendo que as pessoas não aceitariam de primeira resolveu talvez se evadir, ou meditar, não sei. Isso talvez seja para que as pessoas analisem melhor aquilo e deem mais atenção. Acho que pode ter sido por isso que ele fugiu", acredita.

Bruno quer patentear livros que escreveu, segundo a mãe. Livros foram deixados criptografados por jovem (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Bruno quer patentear livros que escreveu, segundo a mãe. Livros foram deixados criptografados por jovem (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Desaparecimento

A última vez que os parentes viram Bruno foi durante o almoço de família em Rio Branco. O jovem voltou para casa e todos - mãe, pai e os outros dois irmãos - seguiram o dia normal de trabalho. Mais tarde, o pai de Bruno, o empresário Athos Borges, retornou à residência da família e percebeu que o filho não estava.

No quarto do estudante, que ficou trancado por 24 dias enquanto os pais viajavam, foi encontrada uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600) orçada em R$ 7 mil, e 14 livros extremamente organizados, escritos à mão. Alguns deles copiados nas paredes, teto e chão. Todas as obras – identificadas por números romanos – criptografadas.

Estátua do filósofo e teólogo Giordano Bruno está no quarto de Bruno (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Estátua do filósofo e teólogo Giordano Bruno está no quarto de Bruno (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Junto com os 14 livros criptografados deixados no quarto o estudante também deixou as "chaves" que servem como guia para a decodificação. De acordo com a família, os escritos foram feitos com a utilização de pelo menos quatro códigos diferentes.

A investigação do caso é feita pela Polícia Civil do Acre de maneira sigilosa. Ao G1, o delegado Fabrizzio Sobreira, afirmou que todas as possibilidades estão sendo consideradas para apurar o paradeiro do acreano e diz não descartar que o jovem tenha saído do estado.

Além dos livros, Bruno Borges também deixou as chaves para guiarem a decodificação (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Além dos livros, Bruno Borges também deixou as chaves para guiarem a decodificação (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
O artista plástico Jorge Rivasplata, de 83 anos, autor da estátua do filósofo Giordano Bruno, disse ao G1 que acredita que Bruno seja a reencarnação do filósofo - queimado durante a inquisição - e tenha completado a obra dele. A escultura de mais de dois metros foi entregue ao jovem no dia 16 de março e finalizada pelo próprio artista dentro do quarto de Bruno.

"Tudo foi premeditado para esse projeto, tudo o que está acontecendo já estava escrito. Acredito muito nele. Desde que começamos a conversar sempre acreditei", disse Rivasplata.

Artista plástico fixou estátua no quarto dias antes do jovem desaparecer (Foto: Arquivo pessoal)
Artista plástico fixou estátua no quarto dias antes do jovem desaparecer (Foto: Arquivo pessoal)
O desaparecimento do jovem acabou inspirando a criação de jogos para smartphone. Os aplicativos foram disponibilizados na Play Store, do Google, com os nomes "Menino do Acre", "Encontre o Menino do Acre" e "Alquimistas do Acre".

Um dos aplicativos explica que os jogadores devem desvendar o mistério por trás do desaparecimento coletando os livros - deixados criptografados pelo jovem - ao longo do jogo. Outro game pede que o jogador toque a tela para procurar o "menino do Acre".





G1/AC

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