Túnel de Água Negra é um dos maiores projetos de integração binacional da América do Sul |
A
licitação deve acontecer em outubro próximo, segundo as autoridades argentinas.
No primeiro trimestre de 2018, será conhecido o construtor deste que é um dos
maiores projetos de integração binacional da América do Sul.
O
túnel unirá o porto chileno de Coquimbo e a província argentina de San Juan,
cruzando a Cordilheira dos Andes.
Além disso, deve se transformar em um
corredor bioceânico central, já que também permitirá a conexão com Porto
Alegre, uma das zonas mais industrializadas do Brasil.
Resistente a
nevascas
O Túnel de Água Negra custará um
total de US$ 1,5 bilhão (R$ 4,86 bilhões) aos governos argentino e chileno,
além de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Autoridades do Chile têm estimado que
a obra, incluindo estudos de engenharia, desapropriações e construção, pode
estar concluída em um prazo de oito a dez anos. Para o BID, levará oito anos e
meio.
Entre as principais vantagens do
túnel internacional está o fato de que ele será construído numa altura inferior
à da atual passagem fronteiriça da zona conhecida como Paso de Agua Negra.
Paso de Agua Negra é uma das 13 passagens rodoviárias entre o Chile e a Argentina |
Isso
garantirá seu funcionamento o ano inteiro, apesar das intensas nevascas do
inverno, que muitas vezes impedem a passagem de veículos.
Exemplo
do que isso significa é o fato de que, neste momento, o Paso de Agua Negra está
fechado até novembro por causa das tempestades de neve nos Andes.
O BID já aprovou um primeiro
empréstimo de US$ 40 milhões (R$ 129,7 milhões) para a estrutura e desenho
final do projeto.
"Argentina e Chile compartilham
uma das fronteiras binacionais mais longas do mundo, que têm um importante
obstáculo físico - a Cordilheira dos Andes", explica a Entidade Binacional
Túnel de Agua Negra (Ebitan) em seu site.
"É impensável o crescimento do
desenvolvimento regional e uma integração física satisfatória desta parte do
Cone Sul latino-americano com tão escassas vias de comunicação de boa
qualidade", afirma ainda a instituição.
Como será
O novo projeto é parte de um corredor
bioceânico que unirá o oceano Pacífico ao Atlântico desde o porto chileno de
Coquimbo até Porto Alegre, no Brasil.
A obra de Água Negra prevê a
construção de dois túneis paralelos, com duas pistas cada, ao longo de 14
quilômetros.
Os túneis terão um moderno sistema de
ventilação, passagens de emergência para pedestres e para carros, medidas
antissísmicas e cabines para as equipes de socorro nas suas saídas.
O setor argentino corresponderá a 72%
de sua extensão e o chileno, 28%. Quando estiver pronto, terá um fluxo diário
estimado de 2,2 mil veículos, 70% deles de carga.
Com características únicas - é a
sétima em todo o mundo a unir dois países - a obra já é considerada a mais
importante da América Latina depois da ampliação do Canal do Panamá, concluída
em junho do ano passado.
Passagem
estratégica
O Paso de Agua Negra é muito vulnerável às nevascas dos Andes e fica fechado ao tráfego de junho a novembro |
O Paso de Agua Negra é uma das 13
passagens rodoviárias entre Chile e Argentina e fica 4.765 metros acima do
nível do mar.
"Ele fica localizado
estrategicamente na faixa central dos dois países e foi considerado um
investimento de grande prioridade, porque atrai trânsito próprio que não
compete com o trânsito eventual de passagens contíguas", diz a Ebitan.
O novo túnel será o segundo que
cruzará a cordilheira. O primeiro é do túnel o Cristo Redentor, localizado na
zona central dos dois países, ligando os Andes a Mendoza, na Argentina.
Segundo a Ebitan, o novo projeto não
compete com o anterior, mas o complementa.
Aconcágua, projeto
'inviável'
O Túnel de Água Negra não é o primeiro
projeto desta envergadura.
Corredor bioceânico, que inclui o túnel, deve chegar a Porto Alegre |
No
fim da década passada, começou a ser desenhado o projeto do Corredor Bioceânico
Aconcágua, que previa um túnel de extensão nunca vista: 52 quilômetros.
Mas
ao chegar ao poder, em 2015, o presidente argentino Mauricio Macri anunciou que
daria prioridade ao Túnel de Água Negra.
Em
fevereiro passado, o embaixador da Argentina no Chile, José Octavio Bordón,
confirmou que o Corredor Bioceânico Aconcágua era inviável.
"Em
dez anos, não avançou-se um só passo, por isso decidiu-se deixá-lo de
lado", disse o diplomata à rádio argentina MDZ.
BBC Brasil
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