Viatura da Polícia Civil deixa o 7º BPM Foto: Fabiano Rocha |
Acusados
de manter um esquema criminoso de recebimento de propinas, policiais militares
do 7º BPM (São Gonçalo), no Rio de Janeiro, chegavam a acusar usuários de drogas de serem
traficantes, mesmo sabendo que não eram, apenas para atingirem a meta de prisões
da unidade. A prática foi descoberta pela Delegacia de Homicídios de Niterói e
São Gonçalo (DHNSG), durante investigação que culminou na prisão de 82 PMs
acusados de receberem dinheiro de traficantes para não coibirem o tráfico de
drogas.
De
acordo com informações da especializada, os PMs faziam apreensões de drogas
após combinação com os traficantes, que deixavam os entorpecentes em endereços
já acertados. Os policiais, então, abordavam usuários no morro e os levavam
para a delegacia, alegando que eles eram os responsáveis pela droga encontrada.
Na unidade, os usuários acabavam sendo autuados por tráfico de drogas.
A
prática dos policiais desagradava os verdadeiros traficantes das comunidades,
que reclamavam da prisão dos usuários.
—
Os PMs alegavam (aos criminosos) que precisavam não só bater a meta de
apreensões de drogas e armas, mas também a de prisões — detalha o delegado
assistente da DHNSG, Marcus Amim.
Pelas
escutas telefônicas autorizadas pela Justiça durante as investigações, a DHNSG
conseguiu identificar o caso de um usuário que foi preso no ano passado pelos
policiais do 7º BPM e acusado injustamente de tráfico de drogas. Ele já foi
condenado na Justiça, mas será pedida uma revisão criminal de seu caso, para
que ele responda apenas pelo uso dos entorpecentes.
As
investigações da especializada permitiram a decretação da prisão de 96
policiais militares e 76 traficantes. Até a noite de ontem, 82 policiais e nove
traficantes já tinham sido presos, dois deles em flagrante. Outros 15
criminosos denunciados já estavam atrás das grades. As investigações
demonstraram que os policiais recebiam propina para não combater o tráfico de
drogas nas comunidades de São Gonçalo. Além disso, revendiam armas e drogas
apreendidas nas operaçãoes para os bandidos. Numa situação, um dos policiais
chegou a oferecer escolta para um “bonde” (grupo) de criminosos se deslocar,
após um traficante ter perguntado a ele se era possível alugar um fuzil da
própria Polícia Militar para o tráfico.
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