Resultados de exames grafotécnicos (que analisam a
escrita) confirmaram que o garimpeiro Joaquim Lourenço da Luz, de 47 anos, foi
o autor de uma carta com ameaças de morte recebida pela enteada dele, a
estudante Loanne Rodrigues da Silva Costa, de 19 anos. Os dois foram
encontrados mortos, abraçados e amarrados a uma árvore, após uma explosão de
dinamite em Pirenópolis,
na região central de Goiás, em dezembro do ano passado.
"O resultado do exame grafotécnico
deu positivo. A letra do bilhete com ameaça é do padrasto", afirma o
delegado regional de Anápolis, Álvaro Cássio dos Santos. O laudo reforça a
principal linha de investigação da Polícia Civil: de que o homem tenha matado a
enteada e se suicidado. A motivação do crime seria o ciúme que o suspeito tinha
pela garota.
Segundo a polícia, em abril do ano
passado, a jovem chegou a ficar internada no Hospital de Urgências de Anápolis
(Huana) após levar uma paulada na cabeça. A família fez o registro da
ocorrência na delegacia da cidade, mas o agressor nunca foi descoberto. Dias
após o fato, quando já estava em casa se recuperando dos ferimentos, Loanne
recebeu uma carta anônima com várias ameaças de morte.
No bilhete, há uma frase que parece remeter ao episódio
da agressão: "Como você tem sorte de não ter morrido". Em outro
trecho, Loanne é ameaçada: "O inferno te espera". No fim da carta
ainda está escrito: "Seu dia chegará". No texto, o garimpeiro chegou
a, inclusive, a se citar: “Desta vez, o seu padrasto maldito não vai tá por
perto”.
Para chegar ao resultado, os peritos
compararam quatro documentos. “Dentre eles, um com teor ameaçador, apresentado
pela própria vítima quando foi agredida, uma folha de caderno com uma poesia e
uma rubrica de Joaquim, outro bilhete em que ele reclamava da jovem ter pintado
o cabelo e, por último, um bilhete aparentemente suicida”, explicou o delegado
que comandava a investigação à época, Rodrigo Jayme.
O delegado Álvaro dos Santos afirma que
não tem informações sobre a conclusão dos demais laudos, como a análise das
cinzas de cigarro e o líquido de uma garrafa encontrados na cena do crime.
Também foram periciados o celular das vítimas e um notebook de Loanne, pois a
polícia quer saber se os dois trocaram mensagens e qual era o conteúdo delas.
Em janeiro, o laudo cadavérico comprovou que causa da morte dos dois foi uma
explosão provocada por dinamite.
O
crime
Loanne e Joaquim foram encontrados mortos no dia 17 de dezembro, no Morro do Frota, ponto turístico de Pirenópolis. De acordo com a Polícia Civil, o padrasto e a enteada morreram abraçados, estando Joaquim com o pé acorrentado e Loanne amarrada com uma corda a uma árvore.
Ao G1, a mãe de Loanne e esposa do garimpeiro, Sandra
Rodrigues da Silva, disse que tenta aceitar a tese da polícia de que o marido
planejou o crime. "Éramos felizes e nunca pensei que minha família iria
ficar no meio de uma tragédia assim. Convivi oito anos com ele [Joaquim] e
nunca pensei que ele pudesse ser capaz de cometer um crime. Por isso, penso que
outra pessoa possa ter feito isso com os dois, mas infelizmente tudo aponta
para ele mesmo", disse.
Cerca de um mês antes das mortes, o garimpeiro
contratou um seguro de vida no valor de R$ 30 mil, no qual o filho biológico
aparece como beneficiário. Segundo o delegado, uma testemunha contou que
Joaquim teria pedido informações no banco se a apólice cobriria casos de
suicídio. "Esse é mais um elemento que leva a crer que ele pode ter
forjado a cena do crime para parecer que ele foi vítima e não autor",
afirmou Jayme.
O rapaz que seria o beneficiário do seguro
relatou em depoimento que estranhava o amor que o pai sentia por Loanne. Já a
outra filha do garimpeiro afirmou que acreditava mesmo que o pai tenha
planejado o assassinato de Loanne.
G1/GO
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